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Foto do escritorCarlos Formigari

Humanidade e Tecnologia

Atualizado: 10 de jan.

Uma Visão sobre o Papel do Ser Humano na Era da Inteligência Artificial.



Desde a Revolução Industrial, a humanidade tem testemunhado uma série de transformações tecnológicas profundas. Cada uma dessas eras - a ascensão dos computadores, a expansão da Internet e, mais recentemente, a era da Inteligência Artificial - trouxe consigo vozes influentes questionando o impacto desses avanços sobre o trabalho humano. Em cada fase, surgiram temores de que as novas tecnologias pudessem tornar certas habilidades e profissões obsoletas. No entanto, em meio a essas ondas de mudança, houve também uma contínua adaptação e evolução. Neste contexto, em vez de aceitar a previsão de um futuro dominado exclusivamente pela tecnologia, vale a pena explorar uma perspectiva alternativa, ponderando sobre a resiliência e a adaptabilidade inatas da natureza humana diante dessas inovações. 


Essas questões me remetem a uma experiência pessoal marcante no início dos anos 90, quando cursava a graduação em Estatística na Unicamp. Durante um jantar improvisado com colegas, recebemos a visita do pai de um deles, um engenheiro proeminente do Rio de Janeiro. Enquanto conversávamos, ele perguntou sobre nossos cursos. As respostas variavam entre Engenharia Mecânica e Química, até que, ao revelar minha graduação em Estatística, ele rapidamente mudou sua expressão, até então de alegria (afinal de contas seu filho também seguia sua carreira em Engenharia) e imediatamente, franzindo a testa, sugeriu que eu mudasse de curso, argumentando que softwares estatísticos já estavam sendo implantados nas empresas, incluindo a fábrica em que era diretor, o que tornaria muito rapidamente a minha profissão escolhida, obsoleta. Esta interação não me assustou; ao contrário, eu via na tecnologia uma expansão, não uma diminuição, das oportunidades para estatísticos. 


Ao longo de minha carreira, essa crença se fortaleceu. A evolução tecnológica, especialmente com os avanços da Inteligência Artificial e plataformas no-code, não diminui, mas amplia a necessidade de compreensão, criatividade e empatia humana. A análise e interpretação de dados, a formulação de perguntas significativas e o pensamento crítico são habilidades intrinsecamente humanas que nenhuma máquina pode replicar totalmente. 


Essa experiência ilustra como os "vírus mentais" podem influenciar não só nossas ações, mas também a maneira como formulamos questões.  

Em vez de nos perguntarmos como a tecnologia poderia substituir o humano ou aniquilar profissões, poderíamos explorar como ela pode ampliar nosso potencial e nossas capacidades. 

Uma das chaves para isso é a aplicação da experimentação planejada e no teste sistemático de hipóteses, gerados tanto pelos insights dos dados existentes quanto pela curiosidade e criatividade humanas. 


A experimentação nos permite olhar além do retrovisor, projetando uma lente para o futuro. Ela catalisa a inovação ao nos encorajar a questionar o status quo e a explorar novas possibilidades. Passados 30 anos daquele jantar e como estatístico experimentado, aprendi que a verdadeira compreensão vem da nossa capacidade de questionar, testar e reinterpretar os dados à luz de diferentes informações e perspectivas. É uma dança contínua entre dados e intuição, máquinas e pensamento crítico, algoritmos e criatividade humana. 


À luz desta visão, proponho algumas reflexões sobre o futuro da nossa sociedade: 


  1. Como podemos equilibrar efetivamente o uso da tecnologia com a criatividade e intuição humanas?

  2. Em que áreas críticas a contribuição humana é insubstituível, apesar dos avanços tecnológicos? 

  3. Quais são as novas habilidades e competências que devemos desenvolver para prosperar na era digital e de dados? 

  4. Como os "vírus mentais" podem estar limitando nossa visão do potencial da colaboração entre humanos e tecnologia? 

  5. De que maneiras a experimentação controlada pode nos ajudar a moldar o futuro, em vez de apenas reagir ao passado?


Essas perguntas podem ser essenciais para navegarmos pelas águas desconhecidas da inovação e do progresso tecnológico, mantendo o elemento humano como um farol orientador. 

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